Sprachlehre
Von Marcabrü Aiara
Über die Sprache und die Weisheit des Menschen
Grammatik, Sprachwissenschaft, Geistigkeit, Litteratur und Übersetzung
Essere_Être_Ser_Sein
A classe de palavras
que expressa mudança de estado é o verbo ser, ‘propriedade de mudança’ na
nomenclatura medieval de Thomas Erfurt, como característica essencialente
verbal; portanto advém daí sua profunda transformação morfológica na
conjugação; então, desde o seu aspecto formal até o semântico, esta classe de
palavras manifesta em si mesma aquilo que ela representa : mudança e
transformação; e aí reside a força da linguagem, sua correspondência exata e
translúcida com a realidade; porque a linguagem deve corresponder à realidade,
já que há uma correspondência entre tudo e todas as coisas no cosmos inteiro, e
a linguagem e a humanidade que a manipula são imanentes a este mesmo cosmos.
H. Fleish, em seu
Traité de Philologie Arabe, disserta sobre essa correspondência ontológica:
“Le langage est le
miroir des phénomènes : choses et concepts, qui trouvent em lui leur
expression; on doit donc retrouver dans le langage les mêmes lois que dans la
pensée, la nature et la vie. Tout ce monde organisé étant réglé par des
rapports logiques, cette logique devra se reconnaître dans le langage. Bien
plus, le langage, produit de l’esprit, est la raison qui s’exprime, l’idéal de
sagesse, d’harmonie, de justice; la rigueur et la précision de la logique
devront donc trouver em lui leur expression audible (traduite em son).”
[A linguagem é o
espelho dos fenômenos : coisas e conceitos, que encontram nela suas expressões;
deve-se então reencontrar na linguagem as mesmas leis que no pensamento, na
natureza e na vida. Todo este mundo organizado estando regulado pelas relações lógicas, esta lógica
deverá se reconhecer na linguagem. Assim pois, a linguagem, produto do
espírito, é a razão que se exprime, o ideal de sabedoria, de harmonia, de
justiça; o rigor e a precisão da lógica deverão então encontrar nela sua
expressão audível (traduzida em som).]
Tradução : Marcabrü
Aiara
Portanto, pelo
princípio da analogia, o radical do verbo ser (être, sein, essere, to be, etc.)
muda de forma com tanta irregularidade porque aquilo que ele representa também
muda radicalmente em seu estar-no-mundo.
Neste tópico, nossa
Doutrina da Língua (Sprachlehre) remete à tradição dos Gramáticos Especulativos
ou Modistas, que foram os promotores de uma orientação da filosofia da
linguagem que buscava mostrar a correspondência perfeita entre as partes do
discurso (“modi significanti’), as categorias lógicas de matriz aristotélica
(‘modi intelligendi’) e as estruturas da realidade (‘modi essendi’). Assim,
para os modistas, uma vez que a inteligência é capaz de conhecer a estrutura
interna do universo, então também deve existir uma linguagem que comunique essa
compreensão.
A gramática especulativa é um dos gêneros de
literatura gramatical que floresceram entre 1100 e 1450 no Ocidente,
especificamente na França e no norte da Europa. Seus cinco principais
representantes são : Boécio da Dácia, Martinho da Dácia – Dácia era o nome da
atual Dinamarca, Michel de Marbais, Alberto, Siger de Courtrai, Radulfo Brito e
Thomas Erfurt.
Numa primeira
instância a linguagem é então natural, pulsa em potência no seio de tudo e
todas as coisas inclusive no homem, o que a caracteriza como universal, e numa
segunda instância, é manipulada na diversidade de suas expressões idiossincráticas,
o que a caracteriza como infinita do ponto de vista formal, histórico e
estrutural. Mas a universalidade da linguagem prevalece, e já no medievo Roger
Bacon (início do século 13) considerava que os problemas de cada língua são
secundários em relação aos problemas comuns a todas as línguas, e atesta a sua
universalidade quando escreve que “embora varie acidentalmente, a gramática é
essencialmente a mesma em todas as línguas” – no original : “grammatica una et
eadem est secundum substantiam in omnibus linguis, licet accidentaliter
varietur.”
Aristóteles, em sua
obra Da Interpretação, já havia
observado a universalidade do objeto da linguagem :
“Así, pues, lo que hay en el sonido (phonêi) son
símbolos de las afecciones que hay en el alma, y la escritura (tà graphómena)
es símbolo de lo que hay en el sonido. Y, así como las letras (grámmata) no son
las mismas para todos, tampoco los sonidos son los mismos. Ahora bien, aquello
de lo que esas cosas son signos (semeîa) primordialmente, las afecciones del
alma, son las mismas para todos, y aquello de lo que estas son semejanzas, las
cosas, también son las mismas.”
O verbo ser é a expressão linguística da lei cósmica
da impermanência.
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